Agrotóxico: Aliado ou vilão?

POR Angélica Mota e Anneli Rodrigues 


A pulverização de agrotóxico contaminam as lavouras. (Foto: Arquivo pessoal)

Os agrotóxicos são substâncias utilizadas na agricultura como forma de combater pragas, insetos, doenças e fungos que causam danos à plantação. E de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil ocupa o primeiro lugar na lista de países consumidores desses produtos. 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) posiciona-se de forma contrária ao PL 6.299/02. A preocupação é que a legislação termine por afrouxar o registro e a reavaliação dos pesticidas no país. Tem trabalhado com pesquisas que demonstram os efeitos negativos dos agrotóxicos no bem-estar da sociedade. 

O Projeto de Lei 6.299/2002, que está pronto para votação no Congresso Nacional, tem por objetivo a liberação de novas substâncias que devem garantir maior uso de agrotóxicos nas plantações. Órgãos avaliadores como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ficarão de fora de verificação. Em contrapartida, o PL 6.670/2016 que trata da Política Nacional de Redução dos Agrotóxicos (PNRA), prevê a diminuição do uso de agrotóxicos no país. Nesse caso, a proposta é buscar uma agricultura sustentável, livre de substâncias tóxicas, que favoreça a produção e a distribuição de alimentos livres de agrotóxicos. 

Segundo Olivier Chagas, secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, a equipe da secretaria busca medidas para conter o uso indevido dos agrotóxicos. Para isso, fiscaliza e orienta os agricultores fazem a manipulação incorreta desses produtos. “O trabalhador, a família dele, as equipes da Secretaria de Estado da Educação e do Município de Aracaju, agentes de saúde rural, secretários municipais do Meio Ambiente, da Agricultura, da Saúde e da Educação para um conhecimento amplo”. 

Confira trecho da entrevista com o secretário do meio ambiente, Olivier Chagas: 


USO INDEVIDO DE AGROTÓXICOS CAUSA MALES À SAÚDE 

Os danos causados pelos agrotóxicos são enormes, mas no Brasil ainda é comum às pessoas utilizarem de forma indevida, e na maioria das vezes por falta de fiscalização e fragilidade nas leis, dentre outros motivos. 

A agricultora, Josefa Santos* faz uso de agrotóxicos no cultivo de milho, melancia, banana, feijão, tomate, melão e pimentão, pois como reside em um setor agrícola, localizado no sertão baiano, onde existem muitas pragas como a lagarta, mosca branca e o pulgão decidiu apostar no método para combatê-las. “Eu até já tentei fazer o uso de produtos naturais no combate às pragas, mas como são múltiplas plantações, fica difícil evitar determinadas pragas por serem resistentes. Quando iniciamos a plantação, usávamos agrotóxicos, e se eles não foram eficazes com o veneno, imagine com os meios naturais”. 

A lavradora diz que sabe do risco que corre ao manusear os defensivos agrícolas, mas para tentar diminuir o risco e “proteger” a saúde, sempre que vai utilizar a substância faz o uso dos equipamentos de proteção individual, embora saiba não estar livre de contaminação. Desse modo, descarta os vasilhames de maneira correta, evitando a contaminação do meio ambiente. 

Ela também se preocupa com a compra dessas substâncias, que observa ser feita livremente, sem fiscalização. “Embora tenha consciência dos prejuízos imensuráveis que causam esses agrotóxicos a minha saúde, e também de quem consome, fica difícil não utilizar essas substâncias mortais, porque sobrevivo da agricultura”, afirma a produtora. 

A lavradora em sua propriedade de milho. (Foto: Arquivo pessoal)

Olivier Chagas, explica que existe restrição para a venda de agrotóxicos. Os estabelecimentos são permitidos a vender o produto desde que seja certificado e haja uma fiscalização. No ato da compra deve haver um procedimento de orientação, de modo que a pessoa não venha a utilizar de maneira duvidosa.

 “A restrição significa que o agrotóxico só pode ser destinado para quem vende e para quem tem habilitação, ou seja, para quem está credenciado, e o uso dele deve ser sob prescrição acompanhando a orientação. Não pode ser aleatório de forma nenhuma. Mas infelizmente a gente sabe que isso acontece e é por isso que a gente fiscaliza e a gente faz toda uma parte educacional”, explica o secretário.


FEIRAS ORGÂNICAS: OPORTUNIDADE DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

A feirante Emily Eduarda faz o dever de casa. Ela é uma dos milhares de agricultores familiares orgânicos cadastrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Por isso está habilitada a participar de feiras orgânicas. Mas relata dificuldades para vender. 

“Comercializar produtos livres de substâncias químicas é difícil. Primeiramente pela mão de obra que o produtor enfrenta na colheita, porque tem que ficar vinte e quatro horas na plantação, ou seja, redobrando o esforço braçal. Além disso, tem a falta de valorização do consumidor que olha a aparência, o tamanho e o valor do produto”, pontua Emily.

Emily e Rosivalda: feirantes da feira da agricultura familiar da Universidade Federal de Sergipe. (Foto: Arquivo pessoal)

Nathalia Passos, estudante de Jornalismo, consome produtos orgânicos há dois anos e sabe perfeitamente os benefícios que trazem à saúde. A estudante mudou a alimentação depois que a família enfrentou dificuldades financeiras. Desempregado, o pai viu nos alimentos oportunidade de negócio, passando a plantar produtos em sua propriedade. No entanto, ela ressalta que um dos problemas para permanecer na produção é o custo da mão de obra.

Propriedade da família Passos. (Foto: Claudeci Passos)

O presidente da Associação dos Produtores Orgânicos do Agreste (Aspoagre), José Firmino de Oliveira, conta que são diversas dificuldades enfrentadas pelos agricultores, seja na mão de obra quanto na questão financeira. “A produção orgânica para servir a toda clientela precisaria de apoio, o qual seria de baixo para cima. Ou seja, apoio para viabilizar empréstimos financeiros, custeios e investimentos diferenciados para os agricultores", afirma Firmino.

Produtor do agreste, José Firmino. (Foto: Angelica Mota)


Algumas feiras podem ser encontradas nesses locais: 

FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR
CALENDÁRIO ARACAJU-2019

Calendário da Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social (SEIDH), Secretaria de Estado da Educação (SEED) e do Parque da Sementeira. (Arte: Pedro Nascimento)

HORÁRIOS: 

SEIDH - 5h às 11h00minh
SEMENTEIRA - 15 h às 18h30minh
SEED - 06h30min às 12h00minhm
CONTATOS: DSAN- 3179-1942/ 3179-2020

FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR- UFS
TODAS AS QUARTAS- FEIRAS DAS 07h00min Às 15h00min.

PRODUTO ORGÂNICO ASPOAGRE
LOJA 1
Av. Francisco Porto, 804-SALA 02
Bairro Salgado Filho- Aracaju-SE
Fone: (79) 99973-7355

LOJA 2
Rua Homero Oliveira, 17- Sala 06
Galeria Cristale
Bairro 13 de Julho- Aracaju-SE
Fone: (79) 99913-7355
Ambas funcionam todos os dias em horário comercial

Feira da AEASE
Av. Beira Mar, 2400
Bairro jardins- Aracaju- SE
Horário de funcionamento das 08h00min às 10h30min todas as quartas-feiras.

ITABAIANA
RUA 13 de Maio, 13 A- 
Centro.
Itabaiana- SE
Fone: (79) 99973-1719

Se ainda assim você não tem como ir até lá, pode pedir os serviços delivery entrando no link https:// mercatoverde.com.br.


*Adotamos nome fictício para a agricultora, que aceitou ser entrevistada na condição de não exibir imagens, áudios e vídeos. 




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