A Defesa Civil e o uso da tecnologia para monitorar áreas de risco

POR Angelica Mota e Anneli Rodrigues


Cadastre através de SMS diretamente do aparelho móvel (Foto: Anneli Rodrigues)

A Defesa Civil passou a utilizar uma nova ferramenta de alerta em caso de desastres naturais, para cumprir o que estabelece a Lei 12.983/14, que trata de ações de prevenção em áreas de risco. Desde fevereiro de 2018, o serviço é fornecido por meio das operadoras de telefonia móvel, de forma gratuita, para que a população seja avisada em casos de chuvas intensas, alagamentos e deslizamentos.

O secretário-executivo da Defesa Civil Estadual, major Luciano Queiroz, conta que o objetivo da ferramenta é manter a sociedade informada caso haja risco de chuvas moderadas a chuvas fortes. O órgão é conectado a serviços do Centro de Meteorologia do Estado, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e de outros órgãos de monitoramento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Desse modo, a Defesa Civil é informada por e-mail e tem a responsabilidade de repassar mensagens SMS para que a população não seja pega de surpresa. 

“É uma ferramenta que serve para informar as pessoas sobre situações meteorológicas em Sergipe, em questões relacionadas a chuvas, e pode ser ampliado para outras situações. Mas até o momento estamos utilizando para deslizamento de terra, alagamentos, problemas com enchentes, inundações”, disse o major Luciano Queiroz.

Major Luciano Queiroz, secretário-executivo da Defesa Civil Estadual (Foto: Angelica Mota)

A geóloga da Defesa Civil Municipal de Aracaju, Luísa Franco, explica a importância que o órgão desempenha em áreas consideradas de risco na capital sergipana. O papel é deixar a população informada dos eventuais riscos, a exemplo de deslizamentos e desmoronamentos.

Desse modo, é feito o mapeamento e monitoramento nessas localidades. Caso o órgão perceba alguma desestabilização no solo este entra com atuação emergencial.

Veja trecho da entrevista com a geóloga, Luísa Franco:



POPULAÇÃO DESCONHECE FERRAMENTA 

Embora a Defesa Civil Estadual possua o aplicativo de monitoramento para alertar os moradores sobre riscos de desastres naturais, como tempestades, riscos de deslizamentos de terra, rompimentos de barragens, ainda há desconhecimento desse sistema por parte da população. Mas é fácil obter acesso ao serviço, porque está disponível nas plataformas Android e IOS e, para se cadastrar gratuitamente, basta enviar SMS para o número 40199 com a informação do CEP do local onde mora.

Joélia Barbosa é uma das pessoas que não sabiam da existência do serviço. Moradora há três anos do loteamento Ponta da Asa, no bairro Japãozinho, em Aracaju, desconhece que essa área é considerada de risco, além de não saber sobre o sistema disponível. 

Encosta lateral da casa de Dona Joélia Barbosa (Foto: Angelica Mota)

Já Cleonice Gonçalves, residente no mesmo bairro há 22 anos, está ciente do risco que pode ocorrer na localidade. A casa dela fica ao lado de uma encosta, por isso convive com o perigo de haver deslizamento. Mas segundo a moradora, a Defesa Civil Municipal descartou a hipótese de a estrutura da residência desmoronar, por ser uma área coberta de vegetação. Apesar de conhecer e saber do papel da Defesa Civil, Cleonice também não sabia que existe o sistema de alerta. 

Encosta coberta pela vegetação, onde se localiza a casa de Dona Cleonice (Foto: Angelica Mota)



Francisca Francimar reside também no bairro Japãozinho. Ela está no local há sete anos e relata que, no ano de 2017, houve deslizamento de terra e ficou muito assustada com a situação, pois seus netinhos brincavam na região. Dona Francisca sabe que o problema pode ocorrer de novo. “O maior risco acontece principalmente no período chuvoso. No começo desse mês, quando choveu muito, teve mais um desmoronamento da encosta”, conta. 

Local onde houve deslizamento de terra nos anos de 2017 e 2019, nas proximidades da casa de Dona Francisca (Foto: Angelica Mota)

A aposentada diz que, durante o tempo que mora na localidade, é a primeira vez que recebe orientação da Defesa Civil Municipal. Mas lembra de que a própria população deve ser participativa e consciente. Ela revela saber que, caso aconteça qualquer tipo de ocorrência que venha colocar em risco a vida das pessoas, a comunidade deve entrar em contato com o órgão. Ela também não tinha conhecimento do sistema de alerta. 

Erisvaldo Bispo, morador da região há quinze anos, conta que conhecia a ferramenta de alerta, porém não sabia que estava em funcionamento em Aracaju. Ele lembra que conheceu a ferramenta pela mídia, quando houve deslizamento de terra na cidade do Rio de Janeiro. Mas afirma que a Defesa Civil faz um trabalho de prevenção e orientação na localidade. 

 O comerciante diz ainda que há dificuldade em se cadastrar na ferramenta por causa da localização do bairro, pois o número do CEP não condiz com o comprovante de residência. O erro de cadastro o deixa apreensivo, por saber que reside em uma área considerada de médio risco. “Se eu soubesse que essa área oferecia risco, jamais moraria aqui. Na verdade, eu vim morar aqui porque na época pagava aluguel e vi uma oportunidade de ter minha casa própria”, conta. 

Encosta localizada no fundo da residência de Erisvaldo, no Loteamento Ponta da Asa (Foto: Anneli Rodrigues)

Helton Sales, residente do bairro Cidade Nova há mais de dez anos, sabe o quanto a Defesa Civil é fundamental para que não haja nenhum tipo de perdas materiais e principalmente perdas humanas. Em 2014, a casa foi interditada pelo órgão, mas nunca chegou a deixar a área. Primeiro, pelo dinheiro investido na casa. Segundo, por não querer ficar dependente de assistência do governo. O caso desse morador é grave, pois a área onde mora é um dos pontos mais críticos da localidade, e já teve a configuração de médio risco atualizada para alto risco. Apesar de estar ciente do perigo, resiste em deixar a moradia.

Encosta localizada acima da moradia de Helton, no bairro Cidade Nova (Foto: Anneli Rodrigues)

Quando a Defesa Civil chega numa área de risco para fazer o monitoramento do ambiente são observadas algumas características, uma delas é saber qual tipo de rocha apresenta o solo, como explica a geóloga Luísa Franco:






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